Nota do PPGA, Departamento de Antopologia e Pós-Afro sobre assassinato de Nega Pataxó

Os docentes do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA), do Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (PósAfro) e do Departamento de Antropologia e Etnologia (DAE) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) manifestamos nosso profundo pesar com a morte de Maria de Fátima Muniz de Andrade Pataxó Hã-Hã-Hãe, conhecida como “Nega Pataxó”, que, segundo as notícias recebidas, foi covardemente assassinada na tarde dedomingo 21 de janeiro após ação intitulada “Invasão Zero” convocada  por fazendeiros no Território Rio Pardo, no município de Itapetinga, no sul da Bahia. 
 
Também repudiamos a tentativa de homicídio, na mesma ocasião, contra o seu irmão Nailton Muniz, cacique de aldeia no território Caramuru, que foi encaminhado para um hospital após ser baleado. 
 
Solidarizamo-nos com a família de Dona Maria de Fátima  - a saudosa “Nega Pataxó”, especialmente com nossa futura colega no DAE, docente ingressante na UFBA como Mestra de Notório Saber,  Maya  Pataxó, irmã de Cacique Nailton e Dona Nega. Nos solidarizamos, também, com os demais feridos e com todo o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe diante de tanta brutalidade.
 
Expressamos nossa revolta diante da escalada de violência contra os indígenas que tem se alastrado, de maneira particular, no Sul da Bahia, como aconteceu com o assassinato do cacique Lucas Pataxó Hã Hã Hãe, vítima de uma emboscada em dezembro 2023. 
 
Conclamamos por justiça, no caso destes crimes e nos conflitos territoriais que são o contexto e a causa da situação de vulnerabilidade que acomete os povos indígenas. É preciso investigação e punição dos responsáveis para pôr um fim na impunidade característica da violência contra esses povos. A morosidade da justiça na demarcação dos territórios indígenas, bem como a ausência ou falta de ação do Estado, contribuem sobremaneira para a prolongação do sofrimento dos povos originários. 
 
 
Salvador de Bahia, 22 de janeiro de 2024

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